Lichia para chapar a barriga
Além de levíssima, a lichia é uma
ótima aliada no emagrecimento graças a uma substância que regula as células de
gordura. Guarde o nome dela: cianidina por
Lúcia Nascimento | design Eder Redder | fotos Omar Paixão
Se o critério para fazer parte da sua dieta, ainda mais no
verão, é não pesar na balança, saiba que essa fruta de origem chinesa é uma das
menos calóricas, ainda mais se comparada com outras delícias que aportam nos
supermercados nesta época de festas de final de ano.
"A licha tem apenas 6 calorias, o que representa, mais ou menos, 0,3% do
que um adulto pode comer ao longo de um dia", estima a nutricionista
Raquel Magalhães, do Hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro. Ou seja, se devorar
dez unidades suculentas, só irá gerar energia o suficiente para tostar em uma
atividade bem simples, como fazer a cama ou arrumar a mala para um final de
semana na praia. Algo assim.
Mas a leveza do fruto não é o único argumento a seu favor na discussão de
estratégias antiobesidade. Veja que curioso: um estudo da Universidade de
Hokkaido, no Japão, analisou a perda de gordura abdominal em voluntários que
receberam extrato de lichia. "Ao final de dez semanas, eles derreteram 15%
a mais de gordura na região da barriga do que os participantes tratados com
placebo", explica por e-mail, com exclusividade a SAÚDE!, o médico Jun
Nishihira, que conduziu a pesquisa. Ele até revelou sua suspeita: o efeito se
deve à cianidina.
A cianidina é um pigmento que tinge a casca de vermelho e, apesar da brancura
da polpa, também se faz presente nela, ainda que em quantidades bem menores —
mas incrivelmente eficientes na ação sobre as gorduras. "Vale lembrar que
não existem alimentos milagrosos para o emagrecimento", alerta Mirian
Martinez, nutricionista do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo, ao
ouvir a notícia. "A lichia pode, sim, dar uma força se associada a uma
dieta equilibrada e à prática de atividade física para cumprir essa
função." Não adianta se esbaldar com ela e, em seguida, comer um panetone
inteiro, por exemplo. Por falar em se esbaldar, Nishihira não determinou ainda
a quantidade ideal de frutinhas a ser consumida para perder centímetros na
cintura. Então coma à vontade, sem dispensar acompanhamentos saudáveis.
Outro encanto da lichia é ser uma fonte de vitamina C: com apenas seis frutas,
você já alcança a recomendação de ingestão diária do nutriente de um jeito
doce, doce... "A vitamina estimula o sistema imunológico, aumenta a
resistência às infecções, auxilia a cicatrização de feridas, aumenta a absorção
do ferro pelo intestino e evita o envelhecimento precoce", enumera Carla
Christimann, nutricionista do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.
Só que, justamente por ser rica em vitamina C, a frutinha exige alguns
cuidados. Quando submetida ao calor ou em contato com a luz, a substância se
perde. Por isso, deve ser armazenada em locais frescos e escuros e, de
preferência, ser consumida in natura.
Já o mineral que aparece em maior abundância no fruto chinês é o potássio.
"Ele atua no equilíbrio da água do organismo, ajuda no armazenamento de
proteínas musculares, na função renal, na contração do músculo cardíaco e no
relaxamento muscular em geral", diz Solange Saavedra, gerente técnica do
Conselho Regional de Nutrição de São Paulo e Mato Grosso do Sul. O potássio
também é conhecido por seu poder anticâimbras e, por isso, pode ser consumido
em boas doses por quem pratica atividade física.
O QUE A LICHIA TEM
Em uma porção de 100 g (aproximadamente dez unidades sem casca)
Valor energético...........66 cal
Carboidratos..............16,53 g
Proteínas......................0,83 g
Gorduras......................0,44 g
Fibras..............................1,3 g
Cálcio..............................5 mg
Fósforo..........................31 mg
Ferro..........................0,31 mg
Potássio.....................171 mg
Vitamina C................71,5 mg
Tiamina.....................0,01 mg
Ribofl avina..............0,065 mg
Niacina........................0,6 mg
Fonte: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA)
NOVIDADE? SÓ PARA NÓS…
Para os brasileiros, a lichia é uma mania de consumo mais recente, que só nas
últimas décadas começou a aparecer à mesa — e olhe lá, que ainda é difícil
encontrá-la em algumas regiões. Mas os chineses tiram proveito da frutinha há
tempos. Seu cultivo é conhecido desde 1500 a.C. e cresce ano a ano,
principalmente no sudeste daquele país. No Brasil, a primeiríssima lichieira
foi plantada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em 1810, e serviu para
alegrar o olhar dos visitantes porque os frutos só passaram a ser
comercializados 160 anos depois. Hoje, a lichia é cultivada principalmente no
estado de São Paulo, responsável por 90% da produção nacional.
PODER ANTIOXIDANTE
A cianidina, que assegura a ação antiobesidade da lichia, e outras substâncias
classificadas como antocianinas — todas pigmentos — são antioxidantes que
combatem o envelhecimento precoce e diversas doenças. Funciona assim: dentro do
corpo, essas substâncias doam elétrons aos radicais livres, estabilizando-os e
impedindo que provoquem alterações celulares. "Ao captar os radicais
livres, as antocianinas colaboram para prevenir problemas cardíacos e
câncer", afirma Eliana Vellozo, nutricionista da Universidade Federal de
São Paulo.
RANKING DO POTÁSSIO
O mineral pode ser encontrado em hortaliças, frutas, carnes, leite e cereais.
Em dez lichias, há 171 mg de potássio, a mesma quantidade encontrada em metade
de uma banana-prata ou em seis pêssegos. Veja abaixo:
10 lichias (66 cal) =
6 pêssegos (216 cal)
ou
5,5 maças (308 cal)
ou
¼ abacate (30 cal)
ou
½ banana-prata (50 cal)