Alcaçuz


Alcaçuz, Raiz de, Plantas

Alcaçuz, planta responsável pelas gomas, é utilizada, entre outros benefícios, na proteção do estômago, protegendo-o dos efeitos corrosivos dos ácidos gástricos. Contra úlceras e indigestões.
Nome Comum: Alcaçuz
Outros Nomes: Glicirriza, salsa, regoliz, pau-doce, raiz-doce, alcaçus, alcaçuz-da-europa, alcaçuz-glabro, madeira doce, deutsches süssholz, orozus e regalicia, licorice, liquirizia comune.
Sinónimos: Glycyrrhiza glabra subsp. glandulifera ( Waldst. & Kit.) Ponert, Glycyrrhiza glabra var. caduca X. Y. Li, Glycyrrhiza glabra var. glandulosa X. Y. Li, Glycyrrhiza glabra var. laxifoliolata X. Y. Li, Glycyrrhiza glabra var. violacea (Boiss. & Noë) Boiss., Glycyrrhiza glandulifera Waldst. & Kit., Glycyrrhiza hirsuta Pall., Glycyrrhiza violacea Boiss. & Noë.

A planta do alcaçuz - ou a sua raiz - é conhecida desde a Antiguidade, existindo registos da sua utilização em tábuas de caracteres assírios datados de 2000 anos a.C.; os orientais, por sua vez, empregam-na há mais de três mil anos para tratar distúrbios do fígado e da garganta. Sempre foi usada devido às suas propriedades suavizantes, protectoras e cicatrizantes das mucosas, em ambas as medicinas, ocidental e oriental, no tratamento de uma grande variedade de afecções, desde uma simples gripe até casos mais complicados como úlceras estomacais e duodenais.

Actualmente, a raiz constitui um remédio popular contra as hepatites, a icterícia, o estômago dilatado, as úlceras, os enjoos e os vómitos. Por ser expectorante, é ainda muito utilizada pelos herbalistas no alívio de problemas respiratórios, como alergias, bronquites, faringite, laringite, tosse, catarro, dores de garganta e rouquidão.

Da família das leguminosas
A Glycyrrhiza é uma planta da família das leguminosas originária da Europa Meridional e da Ásia Ocidental, actualmente cultivada em países como a Índia, Irão, Espanha, Itália, Rússia e China. É um arbusto que atinge cerca de dois metros de altura, constituído por uma raiz forte, castanha por fora e amarela por dentro, folhas compostas, flores cor-de-rosa arroxeadas dispostas em pequenos cachos em forma de espiga, e por frutos alongados contendo várias sementes.
50 vezes mais doce que o açúcar
O ingrediente activo de Glycyrrhiza glabra é a glicirrizina, uma substância constituída por cálcio e sais potássicos de ácido glicirrizinico, sendo branca, cristalina e doce - cinquenta vezes mais doce que o açúcar. Foi esta característica que permitiu a Discórides baptizar o alcaçuz de Glycyrrhiza, designação que deriva do grego Glukos ou doce com riza ou raiz. O sumo doce das raízes de alcaçuz é frequentemente utilizado como edulcorante, para disfarçar o sabor de preparados farmacêuticos e de confeitaria. Da fervura das raízes resulta uma solução espessa e escura que, quando arrefece, solidifica originando doces gomas de cor preta, guloseimas muito comuns em países como a Inglaterra, a Holanda e a Alemanha, onde até há pouco tempo eram presentes mais populares que os próprios chocolates.
Alcaçuz: sistema imunitário e coração 
Estudos científicos evidenciaram a capacidade da glicirrizina para estimular as glândulas supra-renais a segregarem certas hormonas, reduzir as inflamações e aumentar os níveis de interferão, substância produzida pelo sistema imunitário responsável pelo combate aos vírus e consequente defesa do organismo.

Investigações recentes indicam ainda que o alcaçuz poderá a vir a ser utilizado no tratamento de doenças coronárias. De facto, um conjunto de pessoas com níveis elevados de colesterol registou uma redução significativa nos valores do colesterol total, LDL ou mau colesterol, bem como nos níveis de triglicéridos, após ter ingerido raiz de alcaçuz durante um mês. A toma do extracto reduziu também em cerca de 10 por cento a pressão sanguínea. Findo o estudo, e com a interrupção da toma do suplemento, os referidos valores voltaram a subir.

A raiz de alcaçuz possui ainda componentes, antioxidantes potentes, que podem imitar os efeitos dos estrogénios no sangue, sendo, por isso, utilizada, por vezes, em situações de distúrbios hormonais como a menopausa.

A forma desglicirrizada (ADG) de alcaçuz, extracto ao qual foi removida a glicirrizina, é, contudo, a mais consumida, uma vez que promove a produção, pelo organismo, de substâncias que revestem o esófago e o estômago, protegendo-os dos efeitos corrosivos dos ácidos gástricos. Desta forma, é útil no tratamento de problemas gastrointestinais, como indigestão, úlceras e cólon irritável.
Recomendações e contra-indicações
O alcaçuz, enquanto suplemento alimentar, encontra-se disponível sob a forma de raiz seca, a tomar 1 a 4 g em infusão ou decocção, três vezes por dia; tintura 1:5, a ingerir 2 a 5 ml três vezes por dia; cápsulas de 200 mg de extracto normalizado, três vezes ao dia, para combater estados inflamatórios, fadiga e outros distúrbios; comprimidos de extracto de alcaçuz desglicirrizado (ADG) a utilizar na dosagem de 380 mg, duas vezes ao dia, no caso de indigestão e úlceras.

Pessoas que consomem regularmente grandes quantidades de raiz de alcaçuz, cerca de 20 g por dia, por um período superior a 6 semanas, poderão sofrer de um aumento dos níveis sanguíneos da hormona aldosterona, cujos valores poderão causar sérios efeitos secundários: enxaquecas, fadiga, retenção de água e sódio, perda sanguínea de potássio, hipertensão arterial e problemas cardíacos. Grávidas, mulheres a amamentar, pessoas com hipertensão arterial, diabetes, insuficiência renal, hepatite crónica, cirrose, níveis sanguíneos reduzidos de potássio, a realizar tratamentos de substituição hormonal ou a tomar contraceptivos orais devem assim evitar esta raíz.

Salienta-se, contudo, que existem holandeses viciados em rebuçados e gomas de alcaçuz, que são capazes de consumir cerca de 0.5 kg destas guloseimas por dia, e que nunca sofreram este tipo de sintomas. Provavelmente, porque a quantidade de alcaçuz presente no rebuçado é tão pequena relativamente a outros ingredientes como o açúcar, por exemplo, que a hipótese de os referidos efeitos secundários surgirem é ínfima.

O extracto que existe no mercado, de desglicirrizado de alcaçuz  (com teores de glicirrizina inferior a 1 por cento), mas com todos os outros constituintes, e cujo consumo evita os efeitos secundários assinalados, constituirá uma alternativa mais aconselhável em necessidade de toma continuada, como no caso do tratamento de uma úlcera gástrica.
Por: Pedro Lôbo do Vale *
* médico
Artigo publicado na Performance Nº 63

ALCAÇUZ

Glycyrrhisa glabra

Descrição - Planta da família das Papilionáceas. As propriedades medicinais da alcaçuz são conhecidas há mais de 3000 anos. Egípcios e gregos o apreciavam pelo sabor suave e calmante. Usado na medicina é obtido da raiz de aproximadamente quatorze espécies. Era muito utilizada antigamente na China, Egito e Índia como um pó medicinal na cura do espírito. Arbusto perene de 1 a 2m de altura, com uma raiz prin­cipal forte que pode chegar até 25cm de comprimento, que se subdivide em até 5 raízes subsidiárias, de até 1,25m e vários rizomas. Há vários estolhos laterais lenhosos que podem crescer a até 8m e há brotação todo ano. Folhas compostas, imparipenadas, de 4 a 7 pares de folíolos oblongos ou elípticos, obtusos. Flores de  róseo-arroxeadas, em cachos axilares de 10a 15cm de comprimento. Cálice curto, bem forma­do e glandular e a borda do cálice é maior que o tubo com pétalas estreitas e não fundidas na borda. O fruto é uma vagem alongada, contendo de 3 a 5 sementes marrons reniformes.
Partes Utilizadas : raízes e caules.
Habitat: Cada região do planeta apresenta sua variedade de Alcaçuz. Ela é nativa da Europa e Ásia. Aparece também no Iraque. Há uma planta brasileira da mesma família Leguminosae, a Periandra dulcis,M Também chamada de Alcaçuz ou Urucu-hcê que tem as mesmas propriedades da Glycyrrhiza glabra , tendo o princípio amargo e acre das raízes mais pronunciadas e o mesmo sabor doce.
História: Planta da Farmacopeia Chinesa, muito usada atualmente na Menopausa e TPM.
Plantio : Desenvolve-se em campos secos, arenosos ou pedregosos. Colher rizomas e raízes de 4 mm de diâmetro. Secar à sombra.
Origem : Sudeste da Europa e do sudoeste da Ásia. Cresce naturalmente em lugares planos e secos de países como a China, Mongólia, União Soviética e Irã, bem como em solo arenoso das bacias dos rios.
Principios Ativos : O principal componente da raiz, aproximadamente 8-12%, é o Glycirrizin, substância adocicada que existe na planta.
Indicações - Propriedades antiespasmódicas, diuréticas, antiinflamatórias, anti-sépticas e expectorantes. Auxiliar no tratamento de úlceras de estômago, bronquites e tosses catarrais, rouquidão, feridas e furúnculos. Bochecho para inflamações bucais com infuso. compressas de infusão da raiz acalmam conjuntivite aguda.
Dosagem : Como regulador intestinal: Colocar 100 gs de alcaçuz em pó em um pouco de água e misturar mais 20 gs de erva doce moída. Tomar uma colher de sobremesa à noite.
Infuso : Chá por decocção com 2 colheres de sopa de raiz moída para 1 litro de água, fervendo por 10 minutos. Tomar 3 vezes ao dia sem açúcar. Para crianças reduzir a quantidade de erva para 1/3.
compressas (uso externo) : Chá por decocção como anterior, aumentando a quantidade de erva para 6 colheres de sopa para 1 litro de água.

Misturada com a cevada e a grama com ela se prepara uma tisana que se diz "boa para tudo". O xarope de alcaçuz é obtido da seguinte maneira: deitar 500g de raiz de alcaçuz reduzida a pó grosso, durante 24 horas, em dois litros de água, à temperatura de 20 a 25°. Misturar-se o liquide assim obtido, depois de filtrado, com açúcar em quantidade de igual peso. Este xarope é recomendado contra a tosse, o defluxo, a bronquite e em geral para todas as afecções do peito. O mesmo se recomenda da pasta de alcaçuz comumente denominada jujuba, que se prepara do seguinte modo: dissolver 500g de alcaçuz em 500g de água, adicionando-se ao licor 250g de goma-arábica, 150g de açúcar e um decigrama de ópio (extra-to). Deixa-se reduzir a mistura até à consistência de massa c. pasta, que se estende sobre uma mesa de mármore untadz. depois de esfriar, corta-se com uma tesoura em pequenos pec: cos, obtendo-se assim as balas de alcaçuz.
A água de alcaçuz é um. pouco dispendiosa, salutar e refrescante. Às vezes podem-tomar nos casos de bronquite 2 a 3 g de alcaçuz dissolvidos e leite fervente, o que deve ser feito à noite, ao deitar. A raiz. do alcaçuz é empregada ainda como tisana laxante, prepara da seguinte maneira: passa de ameixa, 250g, figo, 25 gramas um pedaço (pau) de alcaçuz; uma pequena quantidade de gramas já fervida. Despejar água fervente e deixar na infusão por 2 horas. Coar num pano. Bebe-se frio. Emprega-se nos casos ; nefrite. Dizem ainda que alguns autores aconselham a infusão das raízes de alcaçuz (50g por litro de água) para clistéis.
Toxicologia : altas doses por longos períodos de tempo causa hipertensão arterial. Contra-indicada para diabéticos. Consumido regularmente pode causar retenção de sódio e potássio no organismo e contribuir para a hipertensão e a hipotassemia (baixa de potássio). Não deve ser usado por pessoas com história de hipertensão ou problema renal grave. O açúcar do Licorice não representa nenhum risco para diabéticos.
Precauções: Evitar o consumo por mais de 6 semanas sem acom­panhamento médico, durante este período uma dieta hiperpotássica deverá ser recomendada
Aromaterapia : Digestivo, peles irritadas, TPM, cólicas e menopausas.
Farmacologia: Alguns componentes fenólicos apresentam efeito antibacteriano em Sthaphylococcus aureus resistentes e sensíveis a methicilina (Hatano etal, 2000). A suas folhas possuem vários componentes antibacteria-nos e antifúngicos - isofla-vina fitoalexina isomucro-mutalal ( Saleh et ai, 1990); Uma chalcona extraída em tintura alcoólica das raízes da Glycyrrhiza inflata Bat; inibiu a timidina extraída da cultura de promas-tígotes da Leishmania donovani (Christensen et ai, 1994); A glycirrizina induz as células CD4 T - o que aumenta a resistência à Cândida albicans associada a lesões térmicas (Utsonomyia, 1999).Inibe o crescimento e a crtopatologia do HSV-1 células em humanas (Van Rossum et ai, 1998). Suprime os antígenos virais em células de hepatoma humano, infectadas com o vírus da hepatite A. Causa uma diminuição, da carga negativa da membrana celular e/ou diminui sua fluidicidade, prevenindo a penetração do vírus. Estimula a produção do gama-interferon das células T com efeito antiviral sobre o vírus da gripe (Utsunomyia, 1997). Suprime a secreção do antígeno do vírus da hepatite Bem pacientes infectados. Há estudos publicados de vários autores sobre sua ação antiviral. A ação da glycirrizina no vírus Hl V humano é inibindo a duplicação celular do vírus e suprimindo a formação de células gigantes (Ito, 1987; Nakashima, 1987).
Posologia: Adultos: 10 a 20ml de tintura divididos em 2 ou 3 do­ses diárias, diluídos em água 2g de erva seca (1 colher de sopa para cada xícara de água) de raízes em decocto até 3 vezes ao dia, com intervalos menores que 12hs; Crianças de 2 a 5 anos: 2ml 3 vezes ao dia. De 5 a 8 anos: 3ml 3 vezes ao dia. De 8 a 12 anos: 4ml 3 vezes ao dia.
Referência :
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